Philip Fisher: Ideias de uma das mentes que moldou Warren Buffett

Pedro K. Calheiros
4 min readMar 22, 2024

Quem foi Philip Fisher?

Philip Arthur Fisher é uma figura lendária no mundo dos investimentos, cujas ideias, obras literárias e estratégias impactaram significativamente várias gerações de investidores bem-sucedidos.

Seu livro mais famoso, “Ações Comuns, Lucros Extraordinários” (1958), é amplamente reconhecido como uma obra fundamental no campo dos investimentos.

As percepções únicas de Fisher sobre as nuances e complexidades do mercado de ações desencadearam mudanças substanciais nas estratégias adotadas no setor financeiro.

É conhecido, além de toda a sua trajetória de sucesso nos investimentos, por ter ajudado a moldar a bagagem de um senhorzinho de Omaha chamado Warren Buffett.

Conceito de investimento (Ativo X Passivo)

Antes de começar, preciso esclarecer um conceito muito importante: a definição de “investimento”.

De acordo com Benjamin Graham:

“Uma operação de investimentos é aquela que, após minuciosa análise, promete a segurança do principal e um lucro satisfatório. As operações que não cumprem esses requisitos são especulativas.”

Um ativo, por conseguinte, é considerado um investimento, uma vez que tem por intenção propor algum lucro satisfatório. Já um passivo é todo e qualquer gasto que não irá gerar qualquer retorno financeiro.

Quando estamos no shopping e começamos a nos convencer de que comprar aquela bolsa ou aquele relógio é uma boa ideia e vem aquela famosa frase “Ah, mas vai ser um ótimo investimento!” estamos certos ou estamos errados?

Depende.

De um modo geral toda e qualquer compra é apenas um passivo. A não ser, claro, que se tratem de peças raras ou de alguma conceituada marca que tende a valorizar com o tempo.

Quais eram as principais pensamentos de Fisher?

Uma empresa precisa gerar lucro para os acionistas

Fisher acreditava que uma companhia, mesmo aquela capaz de gerar um crescimento de vendas acima da média, era um investimento inadequado se não conseguisse gerar lucro para os acionistas:

“Todo o crescimento de vendas no mundo não produzirá o tipo certo de veículo de investimento se, ao longo dos anos, o lucro não crescer na mesma medida”.

Dentro dessa perspectiva, Fisher buscava companhias que não somente eram os menos dispendiosos fabricantes de produtos e fornecedores de serviços, mas também eram dedicados a permanecer assim.

A empresa com um ponto de equilíbrio baixo, ou com uma margem de lucro proporcionalmente alta, tem melhores condições de enfrentar um ambiente econômico em depressão.

Fisher defendia que uma empresa tivesse o autoconhecimento contábil necessário para direcionar os recursos para os produtos ou serviços com potencial econômico mais alto.

A sensibilidade de Fisher quanto à lucratividade estava vinculada a outra preocupação: a capacidade da empresa de crescer no futuro sem precisar de financiamento para segurar seu patrimônio.

Fisher explicava que a empresa que tem imagens de lucro altas está mais bem preparada para gerar caixa internamente; esses recursos podem ser usados para aumentar o seu crescimento sem diluir a participação dos acionistas.

Um gestor de uma empresa precisa ser acima da média

Fisher reconhecia que as empresas de destaque não apenas demonstram qualidades empresariais acima da média, mas também são lideradas por indivíduos com habilidades gerenciais excepcionais. Esses líderes estão determinados a criar continuamente novos produtos e serviços que impulsionarão o crescimento das vendas mesmo após a saturação dos produtos e serviços existentes.

Um atributo importante para os gestores

Outro atributo de importância vital para Fisher: o negócio conta com uma gestão de integridade honestidade inquestionáveis? O gestores se comportam como se fosse uns representantes dos acionistas ou parece que só se importam com o seu próprio bem-estar?

Segundo ele, uma forma de identificar a intenção dos gestores é observar sua comunicação com os acionistas. Todos os negócios, independentemente de serem bons ou maus, enfrentam períodos de dificuldades inesperadas.

Geralmente, quando o negócio está indo bem, os gestores se expressam livremente, mas, quando as coisas vão mal, alguns gestores optam por se retrair em vez de abordar abertamente os desafios.

Para Fisher, a maneira como os gestores lidam com as dificuldades na empresa revela muito sobre aqueles que moldam o futuro da companhia.

Ele acreditava também que uma das chaves do sucesso para uma empresa era a relação dos gestores com os funcionários; eles devem sentir aqui aquela empresa é realmente um bom lugar para trabalhar.

Jamais projetar sua capacidade além da própria experiência

Fisher pensava que, para ter sucesso, o investidor precisava fazer bem apenas poucas coisas. Uma delas era investir em companhias que estivessem dentro de seu círculo de competências. Ele dizia que um de seus primeiros erros tinha sido

“projetar minha capacidade além do limite da minha experiência. Comecei investindo fora dos contextos que eu achava que entendia plenamente, em esferas de atividade bastante diferentes, em situações sobre as quais eu não tinha um conhecimento básico suficiente”.

Referências:

Graham, B. O investidor inteligente. 1ª ed. São Paulo: Harper Collins (BR), 2015.

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Pedro K. Calheiros

Autor de “Crônicas de um poeta crônico • Acadêmico de Direito • Poeta e Cronista • Editor do palaciomental.com.br • Três livros publicados